Não só sou poeta

Não só sou poeta Como é somente poeta o que sou Aquilo pelo que me chamava ontem Era a pausa entre um verso e outro

Este novo verso é o verso da chuva E de como as noites, as chuvas e os beijos se conheceriam Mesmo que eu não fosse poeta Ou que eu não fosse nada

Ainda que eu não fosse poeta Eu haveria de ser Neste jardim que se chama a vida Não reconheço o aroma das flores só com método Mas com sensação

Gosto das sílabas sem contar Não faço dívida da palavra dia com o nome de Maria Já estou satisfeito em como soa “Expressão”

Que outros façam métricas e fórceps de rimas Eu faço o verso livre parir uma geração inteira de novidades Que outros coloquem palavras onde as palavras cabem Eu coloco o sentimento na cisterna que transborda: o espírito. E ofereço a mim mesmo, abrigo em estrofe

Quem dirá que não é esse um bom destino? Minha sílaba natural é ser Sou poeta ainda que calado

  • Jota Teles