Venha comigo

Acordo de madrugada ou nem durmo na minha mente um turbilhão de palavras forma um milhão de caminhos sem se coadunar

Penso milhares de coisas e nenhuma delas é clara o suficiente para iluminar esta escuridão

Deve ser dor de barriga Só pode ser dor de barriga Se eu estivesse na cama da minha mulher Nada disso estaria acontecendo

Mas eu estou acordado E as 4 horas da manhã Nada me ocorre que não seja A vontade de sair correndo

Conheço gente que ficou louca Por nunca ter feito nada louco E conheço gente que se consumiu Na sua própria insanidade

Investigando a humanidade As 4 horas da manhã Confesso não encontrar motivo Para não enloquecer também

Silêncio! Um instante Vou vestir minhas roupas Ligo o velho carro que fica na minha garagem E estou de partida Segure as minhas mãos e venha comigo

Sigo na direção leste Como quem busca o sol Venha comigo! Sem teu pai, tua mãe, sem tua casa Sem teus medos, sem teu trabalho pavoroso, sem as roupas Que não te servirem mais Venha comigo

Lembra de quando éramos loucos E eu aparecí de madrugada Sem mal saber seu endereço e beijei o seu ouvido?

A mulher que você era Mora ainda no mesmo lugar O teu corpo é ainda o mesmo corpo E os teus sonhos são ainda os mesmos Sonhos que eu beijei aquela noite

Vou te buscar, venha comigo Eu tenho um plano e um mapa Junta as tuas pernas com as minhas E vamos ver no que dá

Quando o sol nascer nós saberemos finalmente Que nunca tivemos motivos Para ficar Venha comigo

  • Jota Teles