Primeiras definições de amor

O amor é a carne que quer ser flor O dia que não quer ser noite E a noite atemporal O amor é estar vivo, ter um coração e usá-lo O amor é não ter orgulho, subjugar a gota de orgulho Fazê-la pó

É o infinito tempo que se inclina diante de um encontro de mãos E não sair ileso, nem desejar estar intacto O amor é o que se reconhece em tudo Não se esconde, não se retrai, não se compra Nem se adquire mas espera Espera por aqueles olhos

Jardim de Jardins onde nascem todas as coisas Estações com chuva ou sem, em que continuamos juntos É ter sido criança, ter ouvido a música Então cantar a música e voltar à infância Acreditar que o impossível não vive neste mundo Isso também é o amor

É não ver o muro frente as estrelas É Derrubar o muro, se ele houver É o coração que nunca se fecha E que como sempre se abre e se abre e se abre Vai abarcar o mundo inteiro, mais muitas alegrias E uma saudade

Amor não nasce com cronograma Mas é apenas nascido É sempre mais que real, e nunca premedita Para ser ele próprio, o amor, tão espontâneo É estar lotado de vida E ofertá-la inteira sem que nada se perca

Amor, é não fazer barganha dele próprio Não é troca, nem sabe como se soletra “comércio” É doar-se e não existir mais, renascer E então ser o proprio ser que ama, o amor

  • Jota Teles