Sobre o que tem sido chamado de Deus

Tenho desgosto por cada forma de Deus que pode ser E é, facilmente transcrita em algoritmo Como raiva também do Deus que precisa de uma cédula por onde enxergue a mão generosa de seu fiel

Olho para estes deuses e sei que não existe nada ali para ser cantado, encontrado, amado, abstraído ou sentido Não, não há nada ali, nem vazio

Não somos o que somos pelo medo do inferno que se aproxima Nem devemos esperar um paraíso mascarado de eterno Que não é eterno, é apenas sem fim Sem fim de ser um tempo de desperdício que não acaba mais Uma recompensa sem fim para o homem que viveu uma barganha

Antes uma gota de vida, mesmo que dura, que um lote num céu comprado

Me desculpem se parece que falo contra alguma fé Não falo contra fé nenhuma, nem mesmo dessa vez falo de fé Ou de Deus Como também não falam de Deus aqueles que o vendem

Escutem: ser eterno é essa ausência de medida onde a medida nasce E onde a medida se extende, se alarga e encontra com outras medidas Só se encontra o que se procurou, só se procura o que não há Cantem cantigas sobre Deus, nada mais belo Mas não barguenhem para Encontrá-lo

  • Jota Teles