O verdadeiro amante

As flores não reclamam Quando são arrancadas por amor Não reclamariam se pudessem

Assim o verdadeito amante espera Que sua vida se esgote Para que se extingua Em doçura inconstentável

O verdadeiro amante voluntariamente se converte Em sua própria aniquilação Quando é atravessado pelo amor e dança

Seu corpo é um veículo efêmero Para a eternidade Seus sentidos são ferramentas Por onde sua vida se dilui E sua existência é lenha No fogo de sua servidão

Todos os mestres são vís Menos o amor Toda autoridade é ilegítima Menos a autoridade do amor

O verdadeiro amante reconhece Que toda a terra é infecunda Sem o amor E sacrifica-se na primavera De sua própria mortalidade

Ele nada pede que o amor não dê E ele nada guarda Para que o amor não acabe

  • Jota Teles